Criatividade editorial
Comprei um exemplar da Newsweek, sem tradução, em inglês mesmo, para treinar a segunda língua; edição de 22 de Janeiro. Certa noite passei por minha mãe, reparei na revista que lia, e perguntei se estava com o inglês bom, para que entendesse a matéria.
— Não, não. Essa é a IstoÉ, em português!
E era de fato. Mas não foi ilusão minha. Ao comparar a estadunidense com a brasileira (edição dessa semana, a 31 de janeiro) vi o quão descaradamente copiada tinha sido a matéria. OK, menopausa e descobertas na ciência são temas da agenda e interesses de mídia podem coincidir, mas chegar a esse ponto?Ria de ironia ou de lamento das imagens comparadas que eu montei, abaixo. As fotos são idênticas, só que abrasileiradas. O layout — a linha vermelha no topo, a letra capital em verde, a seção em bloco verde, a disposição das imagens, a linha alaranjada, tudo, tudo — é copiado na cara dura. Isso, porém, nas primeiras páginas da matéria.
Após comprar as duas. sugeri à minha mãe ler em inglês, se quisesse saber mais. A Newsweek tem 18 páginas ao todo, já a IstoÉ parece ter feito uma tradução resumida, e disse tudo em 7. A estrangeira divide o texto em blocos de informação ilustrados por imagens interessantes de duplo sentido (como esta), enquanto a IstoÉ transforma o jornalismo em uma aula de como não diagramar uma revista.
Aí pensei: "Talvez elas sejam comandadas por um grupo que padroniza a informação do/no mundo." Mas então o que explica a capa da IstoÉ que avisa: "Inclui TIME"? Não são concorrentes? Ou concorrem entre si entre amigos e uísques?
Tô me sentindo num complô jornalístico aos cérebros dos consumidores de informação. Existe outra opção à confiável Veja e Época global?