domingo, 25 de março de 2007

Peladas desnudas.

No Brasil temos o comércio de jovens garotas que viram prostitutas requisitadas pelo turismo sexual. A história é conhecida: prometem "Chicago" para as miseráveis, e quando elas aceitam, assinam com a escravidão: não tem no beco sequer música para esquecer a realidade. Violência às escondidas.

A garota é um tipo de pelada.

Impressionou-me saber que na África temos os mesmos princípios, mas também para o futebol. Segundo esta matéria, diversos jovens são iludidos por caçadores de talentos, que utilizam exemplos de Ronaldinho ou ex-conterrâneos naturalizados franceses, por exemplo, e os levam para a Europa prometendo os salários das estrelas. Chegando lá, são abandonados no buraco negro, à mercê do clube, e sem passagem de volta. Vão compor a próxima contagem de invisíveis.

O futebol é outro tipo de pelada.

Imagina se junta a fama das mulheres brasileiras com a paixão nacional? O rei das peladas? Cópula do Mundo? Sexacampeão?

Seja como for, em ambos casos sempre tem um jeito de driblar a defesa.


(Não postei só pra garantir o trocadilho.)

Guerra e loucura

Isso é o que dá ir para a guerra dos outros. Mas, do jeito que o Bush está, é bem capaz que ele tenha ido a alguma.

(Mentira.)

?Como ficar estável onde só mesmo os ignorantes destemem? Nem sempre o tico e o teco duplipensam. Guerra é Paz, Ignorância é Força.

Sobre os efeitos psicológicos de uma guerra, indico os filmes "Apocalypse Now" e "Nascidos Para Matar". Por isso, nem divagarei sobre tais assuntos. Está tudo lá.

Boa sessão.

Evite estresse, evite burrice.

Eu sabia.

Bem que desconfiava que eu era bem mais produtivo quando em calma e sem estresse. Acontece que o mundo corporativo anda dizendo que ficar até tarde, trabalhar "nas buchas" e viver com prazos batendo na bunda é o modelo de empreendedorismo. Besteira. Nesse sentido, sinto-me oriental da tradição.

Veja que interessante: pesquisa revela que estresse destrói neurônios.

Cuidado, hein?!

No teatro, Peter Brook dizia que a criação corporal do ator começa a partir da exaustão do próprio corpo. Minha antiga professora costumava fazer os alunos pularem, rolarem, correrem, alongarem sem parar até estarmos cansados. E aí sim é que começava a pauleira...

Mas é diferente.

Também dizem os criativos das agências que o estresse estimula a criatividade. Mas é diferente.

Nas empresas por onde passei, o prazo nunca me botou nos nervos. Não me arrependo disso. Hoje, trabalhando em casa, sinto-me mais produtivo que qualquer outra ocasião. É só ter disciplina.

Aproveito e convido você a ler, em inglês, o sítio da ONG Slow Down. Confiram abaixo o manifesto deles, e na página virtual todo o material.

Vale a pena mudar agora.


***

Multitasking is a moral weakness

If a thing is worth doing, it's worth doing slowly or not at all. We value focus and relaxed concentration. We value being here and now.

This is not to say we don’t believe in hard work. We do. It exists. Many of us have no choice but to work hard sometimes. But let's not overdo it. There is no point in needlessly indulging ourselves in hurry or rush.*

Slowing down is a skill that must be learned. It's not for everyone. The Ancient Greeks understood that we work in order to have leisure. If it was good enough for them, it’s good enough for us.

If you are one of us then read on.

Do less, slowly

*We apologize for using the words “hurry” and “rush. ” We do not mean to offend the sensibilities of our readers.


Forty hours

Forty hours is long enough

for toil and strain and strife.

It's really all too rough,

this so-called working life.

All work can make you such a bore,

so put your feet up and relax.

But don't feel guilty if you ignore

email, phone, and fax.


***


Eleição por internet.

Tá certo que a Estônia não é lá grande parâmetro para uma eleição brasileira, mas pensem que delícia seria votar em casa, pela internet.
Não teríamos filas!
Mas se bem que a Telefônica promoveria quedas.
Não veríamos imundície dos santinhos!
Mas poderíamos ter banners e pop ups por todos os lados. "Propaganda e-leitoral obrigatória", e nem os anti-popus poderiam trabalhar direito, por lei.
Facilitaria contagens, apuração.
Mas fraudes seriam bem possíveis.
Bah, quer saber? Democracia o caralho!

Admirável Mundo Novo: autor fala da obra.

Uma grande amiga minha encontrou este vídeo e me recomendou; clique, por favor, e assista. É incrível como dois autores — George Orwell, de "1984", e Adous Huxley, de "Admirável Mundo Novo" (Brave New World), estiveram tão a frente de seu tempo, imaginando como seria o mundo dali a décadas.

Em 1984, Orwell conta a história de uma civilização dominada pelo Estado, que, para vigiar todos os cidadãos, filma com câmeras espalhadas até atrás de espelhos cada minuto do dia-a-dia da cidade. É daí que surgiu o termo Grande Irmão (Big Brother) e é de onde a Endemol buscou inspiração para o programa de arrecadação de verba editorial.

Da obra também vieram três frases-conceito que explicam bem a dicotomia da civilização democrática: "Paz é Guerra", cujos exemplos podem ser Bush invadindo Iraque em nome da paz e o sistema de favelas protegidos por traficantes; "Liberdade é Escravidão", que é bem resumido pela dependência que temos de consumir para que nos sintamos livres, e também pela abolição da escravatura com fins varejistas; e "Ignorância É Força", que, pra mim, é o mais forte de todos: a fé é seu maior ícone; as campanhas de empresas farmacêuticas também.

Recentemente vi um artigo que falava de como surgiu os termos "Oriente" e "Ocidente", mesmo sendo a Terra plana. Quem deu o zero a Greenwich, Viva a Rainha!, dividiu também o mundo em três, de uma forma muito análoga à referida na obra de Orwell. Em breve coloco aqui outro post sobre esta divisão.

Em Admirável Mundo Novo, todos os cidadãos são pré-fabricados para aceitarem sua realidade. Na fase de desenvolvimento do cérebro, eles são expostos a diversos estímulos, que induzem os corpos pela memória a evitar ou buscar alguma coisa. Exemplo: as pessoas fabricadas para serem escravas seriam induzidas a aceitarem sua condição e serem felizes com isso, e a idéia da liberdade os levariam a náuseas. Parece bastante a cena de tratamento de choque que vemos em Laranja Mecânica.

Ambas as obras (ou até esta última) tinham um siginificado mais político em suas épocas, mas hoje se expande ao comportamento mediático. Marcas, novelas e arte de encomenda são abafadores de qualquer centelha de inconformismo. Por isso considero suas leituras fundamentais para qualquer um que não vê importância em saber quem o Alemão vai enfrentar no próximo paredão.

Aproveitem o vídeo, que tem só dois minutos, e com legendas.

domingo, 18 de março de 2007

Política miojo.

Mais uma vez, associo o que leio com o que já lido. Notícias de brasileiro com histórias de tupiniquim. Nossos tão estimados políticos fazem travessuras e quem pune só puxa a orelha. Alguns casos exemplares:

Problema: baixo índice de escolarização.
Problemão: é caro investir em educação.
Solução: acabar com repetência.

Problema: poucos negros em faculdades.
Problemão: pouco interesse de investir em estrutura social.
O pó vai pra onde? Cotas.

Problema: adolescentes matando.
Problemão: investir, investir, investir.
O verbo do tapete: baixar a maioridade penal.

Aumenta-se taxas, cobra-se impostos, mas investimento que é bom, ninguém fica sabendo, senão por propaganda político-ideológica, que, pra mim, nunca é bom cheirar.

Além de ser caro alterar o "regime" econômico, sabe por que "o país não vai pra frente"?
Porque... Ai, que preguiça!

Nossos eleitos, ai, que preguiça! Pensar cultura, pensar educação, desligar a TV, ai, que preguiça!

E o mensalão, que prometia (será?) um tequinho de justiça, corre o risco de ser abandonado. Sabe por quê? Porque a morosidade da justiça brasileira é tanta, que levaria anos para apurar as investigações, segundo Kennedy Alencar. Então, o Supremo Tribunal Federal cogita abandonar a causa. Ai, que preguiça!

Moral dessa política-Miojo: já que vai dar trabalho preparar o banquete, peça uma pizza.

A bíblia do cristão empreendedor.


Mais interessante que a foto é a origem de onde eu encontrei. Aqui fala de como a estatística está tão próxima da religião.

Ei, igrejeiros, se Jesus Cristo for uma idéia meio batida, comodity em vosso mercado, peguem esse link, cujo autor, se fosse mais marqueteiro, venderia em forma de livros. Título proposto: "A Bíblia do cristão empreendedor."

Boas vendas.

Oscar da obesidade

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u105162.shtml

Faz lembrar das piadas de gordo do Eddy Murphy em "Professor Aloprado". Credo.

domingo, 11 de março de 2007

Cupido não morreu, Cupido não morreu!

Àqueles que, como eu, às vezes se iludem com suas experiências e observações e começam acreditar que o Cupido, se não está morto, é um tipo "Jamanta", daquela novela da Globo de 98, ou um tipo bastante influenciável pelas aspirações induzidas pela mídia, aí está uma notícia que, a la Jamanta, vem gritando "Cupido não morreu, Cupido não morreu!"

Porque isso, como está pintado, parece um belo amor. Uma princesa da Dinamarca está prestes a perder o seu título. Tudo porque ama, e casar-se-á com um plebeu.

Um castelo, cem criados, comendo do melhor, vestindo Prada, viajando o mundo. Tudo prestes a ir pela porta afora. Você faria isso? Toc toc, Cupido?

iPombo

No post anterior, teve um moment que falei de responsabilidade da mídia e da farmacéutica. Que responsabilidade seria vaporizado de nosso linguajar. E para endossar, veja aqui uma notícia que fala que tem cientista querendo criar controle remoto para pombo. É isso mesmo.

Deixa o pombo cagar no nosso ombro em paz! Tanta gente passando fome e o puto perde tempo e dinheiro com um trambolho desse?

É cú ação.

Olha o pandeirão aí, gente!

Brasil, Paraíso Carnaval, dessa vez está no topo, e não é na Copa, nem no vôlei, nem na desigualdade social, nem no não-crescimento econômico, nada! Dessa vez o Brasil é líder no consumo de produtos inibidores de fome. Tuns, quiduns, quiduns, quiduns!

Duvida? Então clique. Com taxa de 12,5 pessoas a cada mil, bate mais que o dobro dos EUA, 4º colocado, com 4,9 no quesito "encanados de preguiça". E olha que aquele paisinho é obeso, hein?

Já conheci algumas pessoas, homens e mulheres, que fecham a boca na hora do almoço, e se deliciam nos potes de Nutella, fumam e não fazem uma sequer atividade física. Aí, apelam para o Plano Verão, pacote que ataca as folhas, não as raízes; coisa que só mesmo um brasileiro poderia nomear.

Eu sou contra esse mercado predatório que explora trabalhadores estressados de uma metrópole e acabam, com isso, gerando consumo de uma série de serotonineiros e anestesias, do tipo cigarro, novela e cagadores; essas ervas que vendem sem prescrição médica. Acredito que é preciso equilibrar esforço de valia (trabalho) com vida pessoal saudável. Critico, critico mesmo, e não tô muito aí se vão dizer que cada um faz o que quer com o corpo, porque no fundo é uma mentira, todos são influenciados pelo medo do fracasso e ansiedade pela aceitação. Uma professora de sociologia disse que o consumo nunca foi, tanto quanto hoje, um índice de tamanha importância para avaliar o que acontece com o povo dos grandes mercados.

Seu Madruga já dizia: "Quado a fome aperta, a vergonha afrouxa." Para cá eu faria uma inversão de palavras. "Quando a vergonha aperta, há fome, há frouxa."

Eu cursei Propaganda e Marketng e observei uma grande desilusão equacional.

De um lado, empresas loucas para enriquecer; do outro, consumidores.

+

De um lado, empresas loucas para enriquecer; no meio, manipulação de informação (jornalismo, propaganda e RP)

=

De um lado, consumidores loucos para emagrecer; do outro, empresas enriquecendo.



Eu chamo isso de é cú ação.

Mais ainda:

De um lado, manipulação de informação; do outro, empresas enriquecendo

x


A ciência a favor do bem-estar social

=

De um lado, empresas enriquecendo, aos fundos, pagamentos; do outro, a ciência enriquecendo.

Ou melhor:

De um lado, empresas enriquecendo; do outro, alertas dos vícios

/

Ação do governo

=

#VALOR#
(impossível dividir por zero)

E como exmplo desse fator mídia x comportamento (que é óbvio que acontece, mas não tão óbvio quanto a que acumula na bile), eis mais uma matéria falando da coisificação da mulher nas propagandas; a mulher como objeto de consumo, a mulher como manequim sexacéfalo, a mulher como estatus cervejeiro etc. Vale a pena ler, aqui. Só não acredito que um dia vá haver "responsabilidade" na comunicação, conforme sugere a tal Zurbriggen. Uma vez existindo loyalties para empresas tabagistas, veiculadores do tipo Veja e anunciantes exploradores, ou seja, a tríplice RP-JR-PP, ou a "comunicação social", o termo responsabilidade será vaporizado do dicionário mediático.

Orwell, Huxley... por que vos lêem como passa-tempo?

domingo, 4 de março de 2007

Laranja Mecânica made in China.

__Existe um grupo na China que diagnosticou, com base em observação e análise clínica, que viciados em internet (ou jogos online em geral) apresentam os mesmos sintomas que drogados que criaram dependência de ópio ou heroína.
__Até aí, seria interessante saber.
__Mas continuei lendo a reportagem e descobri que este grupo usa tratamento de choque (sentido literal) para livrar os pacientes de seus males. Sim, dá choquinhos enquanto profere mensagens e lembranças sobre a internet! Li aqui, sério!
__Stanley Kubrick já filmou tal conceito em Laranja Mecânica. Abismo, abismo! Achei que era ficção! Fico imaginando: olhos arregalados, orkut na tela de cinema, braços presos sem acesso ao mouse, e, de trilha sonora, o som de aviso de mensagem do MSN.
__Como diria o ICQ: ó-ôu...

Olhos, o espelho da alma.

__Dizem que só se conhece o que uma pessoa é quando se fala olhando no olho dela.
__Ou que o olhar revela muito de nosso jeito de ser.
__Pois bem. Agora não é só o jeito:a íris também.
__(Não, a ex-BBB7 não virou oftalmologista. Refiro-me a este estudo: a íris "revela" nossa personalidade.)
__Volto à pergunta: somos o que somos, ou somos o que nos tornamos?
__Eu voto no meio.

Política e emagrecimento: lei do menor esforço

__A discussão da idade penal é varrer o pó pra debaixo do tapete. Mais fácil, barato e com resultado mais miojo que investir em educação, amenizar a desigualdade social e por aí vamos. Mais politiqueiro.
__Querem soluções fast-food.
__Mas o engraçado do brasileiro é que, eliminando as diferenças de circunstâncias e mantendo a filosofia dessas comparações, somos todo um jeitinho: soluções drive-thru para emagrecimento, beleza, dores, assim como para as saídas políticas para quando a casa cai (=mídia divulga). Porque manter uma postura saudável a longos períodos é raro.
__O de fora pra dentro dá na cara. O de dentro pra fora demora pra ser visto. Como as reformas políticas.
__Ah, sim: com mais ações de curto prazo perto do ano eleitoral. Ah, sim: com dietas, cremes e suores em novembro, para ficar bem para o verão.
__Planejamento. Concentração. Seriedade.
__— Ai, que preguiça!