domingo, 25 de março de 2007

Admirável Mundo Novo: autor fala da obra.

Uma grande amiga minha encontrou este vídeo e me recomendou; clique, por favor, e assista. É incrível como dois autores — George Orwell, de "1984", e Adous Huxley, de "Admirável Mundo Novo" (Brave New World), estiveram tão a frente de seu tempo, imaginando como seria o mundo dali a décadas.

Em 1984, Orwell conta a história de uma civilização dominada pelo Estado, que, para vigiar todos os cidadãos, filma com câmeras espalhadas até atrás de espelhos cada minuto do dia-a-dia da cidade. É daí que surgiu o termo Grande Irmão (Big Brother) e é de onde a Endemol buscou inspiração para o programa de arrecadação de verba editorial.

Da obra também vieram três frases-conceito que explicam bem a dicotomia da civilização democrática: "Paz é Guerra", cujos exemplos podem ser Bush invadindo Iraque em nome da paz e o sistema de favelas protegidos por traficantes; "Liberdade é Escravidão", que é bem resumido pela dependência que temos de consumir para que nos sintamos livres, e também pela abolição da escravatura com fins varejistas; e "Ignorância É Força", que, pra mim, é o mais forte de todos: a fé é seu maior ícone; as campanhas de empresas farmacêuticas também.

Recentemente vi um artigo que falava de como surgiu os termos "Oriente" e "Ocidente", mesmo sendo a Terra plana. Quem deu o zero a Greenwich, Viva a Rainha!, dividiu também o mundo em três, de uma forma muito análoga à referida na obra de Orwell. Em breve coloco aqui outro post sobre esta divisão.

Em Admirável Mundo Novo, todos os cidadãos são pré-fabricados para aceitarem sua realidade. Na fase de desenvolvimento do cérebro, eles são expostos a diversos estímulos, que induzem os corpos pela memória a evitar ou buscar alguma coisa. Exemplo: as pessoas fabricadas para serem escravas seriam induzidas a aceitarem sua condição e serem felizes com isso, e a idéia da liberdade os levariam a náuseas. Parece bastante a cena de tratamento de choque que vemos em Laranja Mecânica.

Ambas as obras (ou até esta última) tinham um siginificado mais político em suas épocas, mas hoje se expande ao comportamento mediático. Marcas, novelas e arte de encomenda são abafadores de qualquer centelha de inconformismo. Por isso considero suas leituras fundamentais para qualquer um que não vê importância em saber quem o Alemão vai enfrentar no próximo paredão.

Aproveitem o vídeo, que tem só dois minutos, e com legendas.

Um comentário:

Rose disse...

Espetacular teu texto, Claucio! Eu vibro sempre com o que você escreve, mas este aqui está irretocável e maduro.

Fecha com chave de ouro quando escreve o que eu gostaria de ter escrito: "Ambas as obras (ou até esta última) tinham um siginificado mais político em suas épocas, mas hoje se expande ao comportamento mediático. Marcas, novelas e arte de encomenda são abafadores de qualquer centelha de inconformismo. Por isso considero suas leituras fundamentais para qualquer um que não vê importância em saber quem o Alemão vai enfrentar no próximo paredão.

Espero que os que venham aqui possam ler estas duas obras e constatar depois o quanto você, em poucas palavras, as resumiu tão bem.

Parabéns!

Um beijo da tua eterna fã..