sexta-feira, 28 de setembro de 2007

De novo a Amazônia internacionalizada

Absurdo! Estudante reacionário, anti-capetalismo, bofes ao governo e cursinho patrocinado, ao receber o e-mail do tal livro de Geografia que dizia aos estudantes estadunidenses que a Amazônia é território internacional, encaminhou para todos os seus amigos; e se enfureceu por exatos quinze minutos hoje, mais vinte amanhã.

Auê gratuito na virada do milênio (às vezes este fantasma da internet revive), tal farsa esboça tornar-se realidade. Um aviso ao estudante, para que o absurdo caia por Serras abaixo:


Madêeeeeera!

O jornal observa que o argumento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de que “se isolar a maior floresta do planeta do contato humano é uma utopia, pelo menos que aqueles que a exploram o façam de forma sustentável”.

Sustentável, no termo vamo-aproveitar-a-onda-de-bonzinhos, significa explorar o limite, o máximo que puder sem contudo parecer (perecer?) incorreto, pois, afinal, deve-se ajudar a sociedade! Seja lá no que for, e ainda que tal ajuda possa ser incentivada tão somente por abatimento de impostos.

E dá-lhe campanha institucional e relações públicas.

Interesses nessa jogada todos têm. É inegável que a Amazônia é uma mina de ouro para as escusas farmacêuticas, que tem papel pra limpar até o tubo dos escusões políticos, e tem madeira até para caso o degelo se torne dilúvio e Noé construa uma arca para comportar, em classe premium, luxo ou presidencial, todos os humanos — e deixar os casais de espécies na floresta. Tudo isso é inegável, inescuso, deu na TV.

Que o Brasil é incompetente para gerir o que é "dele", também sempre dá na TV. Então que diferença faz Amazônia minha, dele ou nossa? Se o fim é o mesmo, se apenas ganho um nacionalismo tosco, e se quem ganha algo de bom já mexeu suas madeirinhas, digo, seus pauzinhos para garantir a safra de amanhã, e se mesmo se "não ganha mas deve pensar no mundo", tudo é utopia perante o papão da ganância?

Há como impedir tal economia? Vale a pena cordas vocais por isso?

Quem ama, zonia.
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Garrafas vazias.

A peça de roupa, feita sob medida daquele que vive para vestir peças sob medida — e ser fotografado nelas — não necessariamente cabe em mim.

Não necessariamente e provavelmente nem. Mas ainda assim os padrõezinhos dizem pra mim que meu ar, quando vestido, vai parecer o ar sentido na página do anúncio de calça jeans.

O magror é o sarcasmo que as grifes publicam contra o estilo de vida que não necessariamente tende a nos esbeltar. Progresso amigo, tu és cômodo, és delicioso, mas feio...¹. Mais feio ainda sou eu, é o que me diz esta modelo em ar de gozo.

Sarcasm. The way you'd like to.

Oliviero Toscani é apedrejado pelos publicitários por fazer não-publicidade. Fã de seu trabalho, aprecio sua crítica ao cadáver morto com que nos sorriem as modas². A mais recente das polêmicas do fotógrafo gira em torno da anorexia: utilizou uma modelo de 31 Kg para sua campanha.

"Toda a publicidade de moda e as revistas e os jornais de moda se afastaram dela [a condição humana], se tornaram abstratas, esvaziaram o ser humano. A gente olha essas campanhas e vemos o vazio, e dizemos a nos mesmo: essas pessoas são como garrafas vazias", diz Toscani.

Não vejo humanos em poses pseudo-sexys. São corpos cujas roupas representadas não nos caberiam. O que nos força a diminuir medidas até (a)parecer saudável. E, por serem corpos sem a vida, corpos sem vida, são estes tais cadáveres. Espelhamo-nos em manequins sem pupila.

"Todos cagam. Uns mais rosas."

O consumo desumano consome o que há de humano, longe da perfeição.
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¹ Conto Os faroleiros, Urupês, Monteiro lobato.
² A publicidade é um cadáver que nos sorri: ISBN: 8500931957

sábado, 22 de setembro de 2007

Mais fuligem - Dia Sem Carro

Dessa vez foi mais simples. Mas posso dizer que já aderi ao movimento neste ano =D

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

3 bandas legais

Recentemente investi parte de meus bytes em downloads de músicas, e descobri algumas que tanto me agradaram que não pude egoistar. Dos vários álbuns que achei no blog de Neoprogressivo e no ranking do Progarquives, três merecem destaque.

Premiata Forneria Marconi, com o álbum Stati di Immaginazione. Instrumental. No trânsito é uma delícia.

Harmonium, com Si On Avait Besoin D'Une Cinquième Saison. Banda italiana. Letras aqui, porque eu não entendo, mas aos ouvidos parece muito boa, hehe.

Phideaux, em Doomsday Afternoon. Este é dos que me fazem pirar: temático e retoma versos e ritmos das canções anteriores na derradeira faixa. É o "fechamento redondo" de uma história bem contada. Eu ouço e penso em mega produções para musicais. O tema? Destruição do planeta (bem atual, digamos). Tem mistura desde "folk" até clássico. É do caralho. Dizem que é o álbum mais maduro desse cara aí, Phideaux Xavier (que nome bizarro).

Longe de mim ser crítico musical — só faltava essa. Mas deixo-os aos ventos do interesse desinteressado.

Os links acima dão numa página onde você pode clicar na música e ouvir por streaming; procure as áreas cinzas ao final de cada página. Ficou fácil.

Curtam.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Cidade limpa

Alexandre Orion, que segundo meu amigo Alê é um puta desenhista e dá até aulas de desenho em uma agência, apareceu num dos túneis de nossa cidade para fazer seu "protesto". Começou a esculpir-desenhar um ossário na fuligem que forma crosta nas laterais do túnel.

Talvez uma das melhores sinergias entre a arte, seu material e seu meio. A morte que respiramos em doses homeopáticas graças à aceleração de nossa vida na avenida...

O vídeo também mostra a abordagem da polícia. Está pixando? Mas, como? Com um paninho? Depois, a prefeitura mandou um de mangueira, pela CET, limpar a sujeira feita.

Cidade Limpa.

Mas o resto do túnel permanece intacto: acumula-se a fuligem da mesma forma que a poeira forma os sedimentos que enterraram nossos antepassados. (Os deles eram mais limpinhos.)

Na cena final, a água varre a fuligem e escorre (se arrasta) pelo ralo. É o Rio Tietê em miniatura, viscoso e negro. Do pó saímos e ao pó voltaremos; o mesmo com o petróleo. E respiramos essa água todos os dias...
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