Vaticano e CIA apagando a memória.
A Internet é livre porém vigiada. E dessa vez estou enaltecendo a vigia.
Felizmente tem gente que consegue ver as manobras obscuras até daqueles cuja verba lhes permite bancar a manta da webinvisibilidade. A Wikipédia, a tal enciclopédia livre, hoje destino de muitos colegiais e universitários em busca de trabalhos rapidamente criados, como muitos sabem, é um local onde você pode colocar informações sobre algum assunto que você conhece bem. Se eu entendo da biografia de Ghandi e quero compartilhar esse conhecimento, vou lá no Wiki, abro um campo "Ghandi" e escrevo a minha versão de sua biografia. É um site em eterna construção, onde muita gente de alma boa entra na filosofia do projeto; mas promove a ilegitimidade dos fatos, pois não há um deus que diga o que é certo e errado, e quem pode "denunciar" erros são os próprios usuários. Ou seja, se eu dissesse que o líder indiano era homofóbico nas horas de lazer, a informação estaria lá até que alguém corrigisse ou denunciasse o erro.
Dizem que se é de todos, também é de ninguém.
Wikipédia é como se fosse uma simulação da escrita da História. Vamos brincar de versões?
E aconteceu o que era de se esperar. A partir do momento em que havia informações até mesmo jornalísticas — referentes, no caso, ao projeto de presidência do mandatário iraniano, e também sobre o envolvimento de um padre católico em certo assassinato —, os "interessados" deram um jeito de apagar a informação de acordo com sua política de transparência. Segundo um programa que "pega" fraudadores de páginas do Wikipédia, a CIA editou o que se refere ao Irã, e o Vaticano (sim, eles mesmos, os santinhos) apagou os links da página que levavam às matérias de jornal sobre o assassinato de colarinho.
Atenção, Dan Brown, que isso deve dar uma boa história.
Apagar uma documentação é procedimento típico de manipulação informação, gesto que já foi bem escrito por George Orwell em 1984 e Revolução dos Bichos. São manobras para esconder aquilo que, se levado a público, pode abalar as estruturas de poder estabelecidas ao longo da História.
Seria exagero dar tanto destaque a tal manipulação, num site cuja própria filosofia se permite ser editado sem veracidade dos fatos? Se elevarmos isso a acontecimentos onde não havia a tal liberdade de Internet, não.
A bíblia ficou quantos, mesmo? — uns três séculos? — sob "Tutela" da Igreja Católica. Somente alguns indivíduos de altos cargos (empresa mesmo) tinham acesso ao documento. Quem domina a comunicação domina o povo, e eu, em meu ceticismo, acredito que, sim, aquele partido deve ter manipulado o documento oficial do catolicismo conforme lhe convia.
Aliás, se tal pensamento não estivesse presente no ser humano em geral, Dan Brown não seria best-seller.
A própria versão que lemos na escola da História do mundo não é senão a versão de quem escreveu, de quem não morreu em batalha e, principalmente, de quem dominou os povos. Nunca tive acesso à versão africana, indígena e asiática da exploração. Os próprios demônios ditatoriais podem ser mais uma farsa maniqueísta para condicionar o pensamento da civilização.
E quanto à CIA... Bem, ninguém aqui é trouxa de acreditar nos cães de guarda do Bush, certo?
Religião, política, comunicação... Gostaria de tê-los separados para poder escrever sem freios, e também sem referência a gostos ou preferências. Infelizmente estão mais ligadas, tão indissociáveis, e com sujeiras tão difíceis de provar (nem o Lula, o Democrático, permite acesso aos documentos da ditadura...), que nos forçam a pensar apenas no campo das idéias, das possibilidades.
E os maiores comunicadores de não-informação já estão moldados à característica e tendência da nossa era: acomodarmos à tecnologia. Ela vem para deixar a vida prática, limpa e confortável. Mas vira dependência, objetivo de vida e, a partir disso, passamos a viver para poder viver conforme diz o anúncio. Nessa pressa por conseguir tudo que a loja e a novela nos oferece, nos permitimos a comodidade da informação no colo: a Internet que diz a verdade. Se é de todos, não é de ninguém. Caímos na ignorância parcial — que pode ser pior que a ignorância total.
Ainda bem que, mesmo livre, há quem vigie. Porque a liberdade dada nas mãos do poderio leva à não-informação, vide Globo, Abril e demais máfias que nos oferecem a comodidade da webgratuidade em troca do nosso raciocínio superficial. Discutir tudo isso trata-se de escolher entre a pílula azul ou a vermelha. Uma delas nos seda.
Mas eis o dilema: se você não tiver meios, a outra opção nada mais é que placebo. Voltamos à Estátua da Liberdade, enterrada na areia da praia. Descemos do cavalo, nos ajoelhamos perante o monumento e perguntamos: O que fizeram com a gente?!
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Felizmente tem gente que consegue ver as manobras obscuras até daqueles cuja verba lhes permite bancar a manta da webinvisibilidade. A Wikipédia, a tal enciclopédia livre, hoje destino de muitos colegiais e universitários em busca de trabalhos rapidamente criados, como muitos sabem, é um local onde você pode colocar informações sobre algum assunto que você conhece bem. Se eu entendo da biografia de Ghandi e quero compartilhar esse conhecimento, vou lá no Wiki, abro um campo "Ghandi" e escrevo a minha versão de sua biografia. É um site em eterna construção, onde muita gente de alma boa entra na filosofia do projeto; mas promove a ilegitimidade dos fatos, pois não há um deus que diga o que é certo e errado, e quem pode "denunciar" erros são os próprios usuários. Ou seja, se eu dissesse que o líder indiano era homofóbico nas horas de lazer, a informação estaria lá até que alguém corrigisse ou denunciasse o erro.
Dizem que se é de todos, também é de ninguém.
Wikipédia é como se fosse uma simulação da escrita da História. Vamos brincar de versões?
E aconteceu o que era de se esperar. A partir do momento em que havia informações até mesmo jornalísticas — referentes, no caso, ao projeto de presidência do mandatário iraniano, e também sobre o envolvimento de um padre católico em certo assassinato —, os "interessados" deram um jeito de apagar a informação de acordo com sua política de transparência. Segundo um programa que "pega" fraudadores de páginas do Wikipédia, a CIA editou o que se refere ao Irã, e o Vaticano (sim, eles mesmos, os santinhos) apagou os links da página que levavam às matérias de jornal sobre o assassinato de colarinho.
Atenção, Dan Brown, que isso deve dar uma boa história.
Apagar uma documentação é procedimento típico de manipulação informação, gesto que já foi bem escrito por George Orwell em 1984 e Revolução dos Bichos. São manobras para esconder aquilo que, se levado a público, pode abalar as estruturas de poder estabelecidas ao longo da História.
Seria exagero dar tanto destaque a tal manipulação, num site cuja própria filosofia se permite ser editado sem veracidade dos fatos? Se elevarmos isso a acontecimentos onde não havia a tal liberdade de Internet, não.
A bíblia ficou quantos, mesmo? — uns três séculos? — sob "Tutela" da Igreja Católica. Somente alguns indivíduos de altos cargos (empresa mesmo) tinham acesso ao documento. Quem domina a comunicação domina o povo, e eu, em meu ceticismo, acredito que, sim, aquele partido deve ter manipulado o documento oficial do catolicismo conforme lhe convia.
Aliás, se tal pensamento não estivesse presente no ser humano em geral, Dan Brown não seria best-seller.
A própria versão que lemos na escola da História do mundo não é senão a versão de quem escreveu, de quem não morreu em batalha e, principalmente, de quem dominou os povos. Nunca tive acesso à versão africana, indígena e asiática da exploração. Os próprios demônios ditatoriais podem ser mais uma farsa maniqueísta para condicionar o pensamento da civilização.
E quanto à CIA... Bem, ninguém aqui é trouxa de acreditar nos cães de guarda do Bush, certo?
Religião, política, comunicação... Gostaria de tê-los separados para poder escrever sem freios, e também sem referência a gostos ou preferências. Infelizmente estão mais ligadas, tão indissociáveis, e com sujeiras tão difíceis de provar (nem o Lula, o Democrático, permite acesso aos documentos da ditadura...), que nos forçam a pensar apenas no campo das idéias, das possibilidades.
E os maiores comunicadores de não-informação já estão moldados à característica e tendência da nossa era: acomodarmos à tecnologia. Ela vem para deixar a vida prática, limpa e confortável. Mas vira dependência, objetivo de vida e, a partir disso, passamos a viver para poder viver conforme diz o anúncio. Nessa pressa por conseguir tudo que a loja e a novela nos oferece, nos permitimos a comodidade da informação no colo: a Internet que diz a verdade. Se é de todos, não é de ninguém. Caímos na ignorância parcial — que pode ser pior que a ignorância total.
Ainda bem que, mesmo livre, há quem vigie. Porque a liberdade dada nas mãos do poderio leva à não-informação, vide Globo, Abril e demais máfias que nos oferecem a comodidade da webgratuidade em troca do nosso raciocínio superficial. Discutir tudo isso trata-se de escolher entre a pílula azul ou a vermelha. Uma delas nos seda.
Mas eis o dilema: se você não tiver meios, a outra opção nada mais é que placebo. Voltamos à Estátua da Liberdade, enterrada na areia da praia. Descemos do cavalo, nos ajoelhamos perante o monumento e perguntamos: O que fizeram com a gente?!
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Um comentário:
seus textos me deixam sem reação
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