domingo, 3 de junho de 2007

Juventude anti-sexo em Caracas

Caracas, essa cidade daria mesmo uma obra de ficção. De fricção também. (Só que já criaram, bolas! ¬¬)

Primeiro porque tem maioria pobre que assiste (assistia) canais nada a ver com a sua realidade. Segundo porque o presidente costuma ter posturas de dois gumes. Quer instalar câmeras na capital venezuelana para inibir a violência da cidade. Dois gumes porque ninguém sabe se a violência a ser combatida é a que mata pessoas, ou a que se rebela contra seu governo.

Terceiro porque Chávez agora vai adotar o sistema de polícias de bairro. Polícia comunitária formada por militantes. O esquema, pelo que entendo, funciona por voluntariado. Novamente dois gumes porque se por um lado "agrega confiança" à segurança oficializada, por outro levanta a dúvida sobre a capacitação de quem vai empunhar armas e ordenar capangas. Interesses pessoais podem surgir. Só conhecemos um homem depois que ele assume um cargo de líder, uma boa grana ou alguma arma de fogo.

Quem será escolhido? Haverá Zés Pequenos e seus rivais? Sem contar que milícia comunitária lembra o movimento Juventude Anti-Sexo de Júlia, da obra 1984 de George Orwell. Eles eram grupos de jovens fanáticos, adoradores intransigentes do Grande Irmão, que denunciavam suspeitos de tramarem contra "ele". Com ou sem provas. Bastava desconfiar, e pronto, o sujeito sumia do catálogo em questão de dias.

Cada vez mais Chávez ingremeia a linha que divide populismo de autoritarismo. Só que, por mais "anti-democráticas" possam parecer suas atitudes contra a oposição, o povo continua com ele há muito tempo, e não há burguesinha que mude essa postura da maioria. Ou seja, não dá pra dizer que ele é anti-democrático enquanto a maioria o apoiar.

Só estando lá para ter uma opinião menos enlatada. Para quem está de fora, soa como a política de dois gumes. Ou de gomas, porque o sabor pode até parecer agradável, mas eu ainda não engoli.

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