quinta-feira, 12 de julho de 2007

Pan e circo

Respeitável público,

no ano passado, vivíamos um escândalo político, até que veio a Copa, que, mesmo trazendo derrota, faz sua função, também política: a de apagar a memória.


Se brasileiro tem memória curta, eu não me lembro bem...

...mas já recebi um e-mail com a quantidade de processos, CPI's, escândalos etc. que aconteceram desde que o país virou democrático; poucos naquela lista quilométrica deram um final feliz — no sentido realmente democrático, ou seja, inexistente, utópico desta colônia disfarçada de barbudinhos fofos.

(Se eu não recebo por e-mail, nem tem como lembrar. É o fowardismo.)

Sentido também utópico, visto que a mídia e o jornalismo têm mais a função comercial do que informativa. É o que chamam de "denúncia por tiragem", porque o que vale mais é ter o que gritar, sem compromisso de apurar.

Neste ano de 2007, depois daquele mensalão, temos pontes do nada ao lugar nenhum, processos que não vêm a calhar, presidentes dizendo que os corruptos são de boa índole etc. Cuidado, que já tá tem povo reclamando. Porque falta educação, comida, emprego.

Reclamando? Saindo uma de muzzarela com ovo! Neste ano tem Pan, o que vai fazer com que as pessoas se esqueçam de novo.


Na foto, trocadilho máximo.


É a política de Pan e Circo, onde o palhaço na verdade é o eleitor.

No ano que vem, Olimpíadas. E em 2010, uma Copa "social", como pressinto que irão nomear. A primeira Copa no continente negro. Com Bono dando o pontapé inicial e Angelina Jolie como cheerleader. Aí o mundo vira bom, [suspiro]...

O esporte e a mídia combinada têm a incrível capacidade de abafar as revoltas e apagar as insurgências e os desafetos dos mais pobres, que continuam achando que o Lula os representa mais que deus. Eu já nem ligo mais. Fui eu que deixei acontecer. Sou eu que acompanho as manchetes pela internet. Sou eu que, na dúvida entre fazer greve e não pagar a parcela do carro, opto por chegar cedo em casa.

No Brasil, a política é de quem quer se aproveitar. Alguém duvida? É carreira. Posso ser empresário e pagar mal funcionários, ou posso ser político e aproveitar do imposto de 40% dos salários pagos. E eu também pago, pelos juros da comodidade parcelada.

É o tipo de espetáculo que põe o espectador no palco. O escárnio dos produtores, o sarcasmo do palhaço, a maquiagem que nos é pintura, o malabarismo do morto cidadão, o circo de cada dia nos dai hoje, mas livrai-nos do mal-estar, "amem".

Eu pago o que eu comprei.

Eu
que
me
fo
d
a
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3 comentários:

marcos.cangiano@gmail.com disse...

F
o
d
i
d
o
s

E
s
t
a
m
o
s

T
o
d
o
s
.
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.

O Negócio é mudar de país. Não, de Galaxia. Vou para Andrômeda.

Bebê disse...

e esse texto foi
f
o
d
a
.


Que texto mais ácido.

Rose disse...

Pra falar a verdade e sem rodeios: prefiro você escrevendo sobre outros assuntos mais interessantes, como antes.
Enveredar pelo jornalismo?? Realmente não tenho tesão...

Te amo, como sempre.
Beijos..