quarta-feira, 23 de abril de 2008

Puxadinho na ortografia

__Nunca escrevi sobre a polêmica reforma ortográfica e vou dizer por quê.

__PQPoQ?

__Por que por quê e o porquê de não por que? Porque no quê eu ponho acento se for a sílaba mais forte da frase e ponto. Fui pela sonoridade e quis acentuar o ezinho. Mas a gramática vai me condenar? Que condene. Esta é minha regrinha e os revisores não compreendem. Deixa, deixa...

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A gramática é contraditória. Serve para medir o grau de alfabetismo de alguém pela escrita, mas grandes escritores, os mais criativos pelo menos, não dão ouvidos. Gramática é para alunos aprenderem as leis; mas quem quiser, que burle conforme a dança.


__Blablatório

__Gramática, norma culta ou seja lá sua razão social vale como padrão para evitar os tão rotineiros desencontros dos analfabetos da comunicação acelerada. Mas acredito que em meio século muito do que se discute hoje nem existirá mais, assim como aconteceu com o phyno escrevêr de antigamente.

__Por exemplo o marketing, que nas mansões é um estudo fascinante para se encontrar [preencha aqui o seu blá-blá-blá] para o consumidor. Já para a base do Senso, é censo comum que se entenda o termo como "falar bem" ou até mesmo "falar mal". Por isso não devemos cair na dos vendedores: pode ser puro marketing.


__Concerto no conserto: música clássica para mecânicos ou reforma no auditório?

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O debate da ortografia se restringe aos oculorizados das cadeiras, já que existe uma apologia ao erro entre os verdadeiros ignorantes — que, segundo o poeta Mário Quintana, são aqueles que sabem ler e não lêem/leem. Tem até quem expresse a emoção aumentando o número de exclamações!! Acredite!!!

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E se a língua é tão volátil, voltamos ao início: vale a pena reformar a ortografia? Na minha opinião, é trampatoa. Pelo sim e pelo não, deixemos as palavras tomar o rumo de quem as usa, pois se presidentes decidissem pelos auto-falantes até a nossa linguagem, ou falá-la-íamos com precisão ou o ésse fumiria do mapa.


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Assento gráfico: clique aqui para ver a solução às cagadas da comunicação.

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Para as regras, passe as réguas. Não gosto de entrar no mérito do preciosismo acadêmico. As regras dos acentos são com as regras dos assentos: melhor deixar para os velhos.

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Com o acordo ortográfico a ser instaurado até a glorinhosa Copa de 2014, algumas confusões serão amenizadas; outras, porém, acentuadas. E as aulas de Língua Portuguesa continuarão como plantões de gramatiquês.

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Pelo desfecho é melhor esperar em pé.
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domingo, 17 de fevereiro de 2008

Diplomas T

A cada ano, 10 mil médicos são postos na rua sem terem nenhuma residência. Ué, mas são engenheiros civis? Os novos sem-teto? Não, são os números de médicos que se formam por ano, segundo o estudo do Gilberto Dimenstein.

__Ah, sim: residência (médica) é o curso de duração variável que os médicos, após sua graduação, realizam geralmente em um hospital, a fim de se especializarem. Resumindo, é isso: muita farinha saindo, pouco forno assando. Você já sentiu que comeu um pão pastoso no consultório? Ou em qualquer outro serviço especializado não-técnico? Eu já.

__Uma vez fiz dois exames oftalmológicos para conferir se meu grau de miopia e astigmatismo haviam estagnado. Os resultados foram diferentes. Bem diferentes. Tive que consultar um terceiro, tirar a média e... Mentira, fui pelos dedos iguais. E quem se diferenciava era o doutor apenas cinco anos mais velho que eu.

__Semeei meu preconceito a partir de então.

__Que tipo de bola de neve estamos entrando com esta equação? A população cresce, deseja se profissionalizar (já que o ensino Médio no Brasil não merece nem o nome de Médio), surge a demanda por cursos superiores, e qualquer empreendedor (ou mesmo picareta), dotado de algum conhecimento mínimo em negócios, poderá abrir salas de aula, laboratórios, quadros brancos, projetores, e recuperar em doze, quinze meses o que investiu na construção, divulgação, contratação de docentes etc. Se tem que queira, há quem abra.

__Sinto podridão quando educação e cultura são tratados como negócios-e-só. No discurso, "nós queremos um Brasil melhor". Na prática... Ah, mas na prática...

__Todo ano novas universidades inauguram campus, contratam professores, cobram suas mensalidades, papagandeiam o sonho do curso-próprio-sucesso-terno-e-gravata sem vestibular aos menos favorecidos, e, voilá! — em alguns anos teremos um alto índice de pessoas formadas não praticantes, ou desempregadas, ou de médicos cujos livros foram meramente folheados, metade de recém-formados que não conseguem seu CRM, aumento de denúncias de pacientes contra "maus tratos" (o que, no meu caso, seria o do oftalmo ruim de mira), advogados abrindo pousadas, publicitários abrindo franquias de fast-food, engenheiros taxistas etc. Um mercado farinhento.

__Preconceito, estereótipo, generalização, eu sei. Graças a tais novas faculdades, é verdade, alguns brasileiros esforçados conseguem ter seu espaço no mercado. Mas o resto... E, você, é, você mesmo, sabe que, ah, mas o resto...

__No início do século passado havia o fordismo. Hoje, temos na mesma linha o canudismo: carimbo de grades, carimbo de presença, trabalhos nas costas, e pronto! Saindo mais uma formada fresquinha. Só não há garantia de fábrica.

__Quer garantia estendida? Vamos às pós! Pós-tergar o que era pra ter visto na faculdade (pior que existe). Tem muito moleque que vai do colégio à universidade, e dela para a pós, pulando amarelinha. Cursos assim deveriam ter pré-requisitos; experiência é uma delas. Se o único filtro que separa um graduado de um pós-graduado ou embiei-graduado é o boleto pago, uma hora tal certificado também será carne de vaca.

__Confiemos, pois, nos extraordinários da vida.
Nas frestas da casta e nos becos do mapa.
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sábado, 16 de fevereiro de 2008

Caprichos e necessidades

Li um artigo do Observatório da Imprensa, A agência de publicidade e a crise ética, de Celso Jupiassu, que abrevia os rumos que a propaganda tomou no Brasil — propaganda no sentido agência = negócio lucrativo.

__Em resumo. Antes, agência é antro criativo. Meio, profissionais de finanças descobriram a lucratividade do negócio, investiram. Hoje, a criatividade é apenas um dos porquês que mantém a agência.

__Clixeirização da criatividade? Migração para mídias menos abertas e mais lucrativas? Entrada de grandes grupos no mercado? Não sou analista, nem quero, e por isso não vou palpitar.

__Artigo interessante para quem é do meio. E há um toque para quem gosta de mídia. (Leiam.)

__Fiquei mais preso ao parágrafo inicial:

__A história da empresa, a partir do século 19, começa pelo reinado do produto. Todos os esforços estavam voltados para a engenharia, a qualidade e a durabilidade do que se produzia. Depois veio a fase das vendas, massificando-se a distribuição na busca de aumentar o volume de negócios, crescer e conquistar mercados, até chegar à era do marketing e da segmentação dos mercados, voltada para o consumidor e os seus caprichos. Logo em seguida veio a revolução comandada pela globalização, no impulso da era tecnológica e do enorme desenvolvimento das comunicações.


__"Voltada para o consumidor e seus caprichos."

__Desde a faculdade, nunca ninguém exprimiu melhor: caprichos. Vontade de parecer ser. Vontade de inclusão. Na faculdade, chamávamos conhecer os caprichos por identificar novas necessidades. Com qual versão você fica?
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Pink sharis batwomen

Dentre as manifestações populares mais aprazíveis, sarcasticamente doces ou ironicamente deliciosas, está a formação de gangues vingadoras; não as que buscam poder pelo poder, mas afirmação e respeito. Ou justiça. Não a legislativa.

__Ei, estamos aqui e queremos ser ouvidos!

__Melhor ainda quando há uma simbologia defendida, uma flâmula que balança para de longe todos verem. Batman! Parem de nos ignorar! Eis-nos!

__Na Índia, um grupo de mulheres se uniu para humilhar policiais ratacorruptos, famílias que violentam sob a farda dos dotes, e estupradores dos mais variados calões. Elas saem em bandos atrás de quem desvia dinheiro público, de quem bate nas esposas, de quem mata por dinheiro, de quem dá suporte...

__"Não somos uma gangue no sentido comum da palavra. Somos uma gangue pela justiça."

__Não menos interessante é seu uniforme de guardianismo: o sári rosa. Espécie de vestido que cobre todo o corpo, mas numa versão mais Penélope Charmosa.

__As bárbaras (Barbie-ras?) ficaram famosas, e muitos homens já as apóiam. E não por menos: o grupo, além de caçar os malfeitores, discute temas como casamento infantil, mortes associadas a dotes, falta d’água, subsídios agrícolas e desvio de verbas em obras do governo. Todas as formas de violência, digamos.

__A gulabi gang, ou a gangue rosa, faz justiça com as próprias mãos, e não é com puxão de cabelo, não. Há aulas de manejo de clavas e machados. E atenção: elas querem queimar a alma dos indecentes, e não sutiãs. "Mulheres precisam de homens." Lá, os homens que deveriam protegem os cidadãos, só o fazem com incentivo financeiro. "Eu preciso que você me ajude a te ajudar."

__A última lembrança que eu tenho de uma manifestação simbólica e popular no Brasil é o Diretas Já. (Cansei é bobeira.) Mas, convenhamos, nenhum movimento político é mais que 49% popular. Os interesses portrazes manipulam bem a fachada. Mais justas são as guerrilhas, inevitavelmente ofuscadas, ou abalburdeadas pela mídia conversadora. Quer dizer, conservadora.

__O exemplo indiano endossa a tese. A líder diz que as amazonas das trevas fogem das associações partidárias, porque "eles estão sempre esperando alguma coisa em troca quando oferecem ajuda financeira".

__Bravas!
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domingo, 27 de janeiro de 2008

Marionetes up e bonecas down

Eu ainda não sei o porquê de um assunto me levar ao outro, e nem sei se parecerá claro, mas escrevi mesmo assim.

__Se vem um de-muletas, cedo meu lugar. O mesmo com velhos, grávidas etc., com ou sem local demarcado. Mas nem todos são assim. Fingem que dormem enquanto o idoso trinca seus joelhos quebradiços no balanço rebolante da ginástica onibulatorial. Dar a cadeira marcada é lei; a não marcada é lucro.

__Se não fossem as leis e o punho cerrado da multa aos folgadões, diversas pessoas, dessas portadoras de deficiências, teriam muito mais dificuldade de acesso do que um cidadão comum em seu estado de "normalidade física".

__Uma vez fiz um vídeo institucional sobre o deficiente visual no mercado de trabalho e me surpreendi com a capacidade que eles, julgados frágeis, têm pra se virar no trabalho ou na cidade voraz. Mas se não fossem as leis, as cotas empresariais e as obrigações sociais, coitados.

__Por que nós temos essa necessidade de sermos obrigados a respeitar? Por que a gentileza, para ser legitimada, precisa tomar forma de artigo constitucional? O trânsito canibal das ruas, as filas, o empurra-empurra está aí para provar.

__Numas de minhas leituras me deparei com uma agradável novidade: uma empresa espanhola fabricou bonecas com traços de Síndrome de Down. O sucesso foi estrondoso e novos lotes, de importação, foram solicitados Europa afora.

__O argumento da empresa, justificando a iniciativa, me agrada: “O objetivo é promover a integração. Que as crianças aprendam a conviver, aceitar e compreender as diferenças. Os brinquedos são uma grande ferramenta para ajudar na integração social. Se há anos surgiram as bonecas de raças diferentes, porque não uma com outras características especiais?”

__Quem sabe se não é da infância o caminho para eliminar as degentilezas que acometem adolescentes, jovens e adultos? Bonecas com Síndrome de Down são interessantes para que os pequenos saibam que existem pessoas assim, e que devemos brincar/tratar com elas como se fossem normais.

__(Eu ainda não sei o porquê de um assunto me levar ao outro, porque ainda tenho o (talvez) defeito de sentir que todo altruísmo cheira defensiva moralista.)

__Pena que as bonecas se restringem ao universo feminino. Os meninos continuarão pedindo seus carros possantes, seus falos coisificados.

__Também se limita à classe social mais alta, em cujos pais possuem R$ 65 para presentear como boneca (que, provavelmente, não será a única no pacote de presente). A criançada do Brasil com ésse e ú continuará com bonecas de pano, pipas, rolemã (que na minha opinião são bem mais legais que os Hot Wheels), e, quiçá não, armas. Porque ainda não inventaram bonecas que educam a criança a olhar o pobre com olhar mais humano e menos estatal.
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Entre macacos, prostituição é limpa.

__Macacos também pagam por sexo, diz estudo.

__Os macacos machos utilizam uma espécie de trabalho manual de limpeza como moeda de troca. Barato, não?

__As fêmeas dessa espécie fazem sexo cerca de três vezes a cada duas horas. Mas esse índice cresce para sete a cada duas horas imediatamente depois que a fêmea recebe o ato caridoso do macho, de limpar e afagar os pêlos.

__(Eu já vi isso em seres humanos...)

__E rola terceirização da limpeza: "Em geral, a fêmea escolhe se relacionar com o macho que se encarrega da limpeza." — Prova de que entre eles a prostituição é legal. E limpa!

__A oferta e a procura ditam o preço no mercado sexual símio. "Se há muitas fêmeas na área, o custo pela relação sexual cai drasticamente. Com apenas oito minutos de trabalho, o macho já consegue comprar sua fêmea. Mas se não houver outras fêmeas ao redor, ele tem que tirar lêndeas do pêlo da fêmea por pelo menos 16 minutos até conseguir iniciar a relação sexual."

__A conclusão é ótima: "De acordo com a revista New Scientist, onde o estudo foi publicado, o trabalho reforça a teoria de que forças econômicas podem explicar comportamentos sociais, inclusive entre os humanos."

__O garanhão do bando é o Macax Overtrees.
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FLY. M. C. A.

__O mundo é mesmo animal.

__Você sabia que moscas embriagadas buscam parceiros do mesmo sexo? A reportagem já possui graça por si só. Fique com os trechos mais bizonhos:

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Seria o equivalente, em humanos, ao sujeito beber para ter coragem de cantar a moça no bar e terminar a noite dando em cima também do garçom.

__Os cientistas criaram uma câmara com teto transparente para filmagem; batizaram de flypub.

__O comportamento lembrou o de moscas que foram geneticamente alteradas em laboratório e mudaram a orientação sexual, visível em "trenzinhos" alados compostos só de machos.

__O álcool pode levar a comportamentos de risco ou mesmo a tentativas de estupro.


__Com a liberdade, as moscas fêmeas:

__— Ai, olha o tamanho da asa daquele moscão!
__— Nem adianta, ele solta as asinhas.
__— Dizem que aquele com óculos de aviador tem uma língua brincalhona.
__— Também não é pro nosso paladar.
__— Porra, o que adianta escolher a dedo se os melhores são viados?
__— Quem manda ser varejeira. Vai tentar a vida no atacado!
__— O jeito é ser bi.
__— Não, porque bi é abelha.
__— Soube que a Flá morreu comida depois que virou lésbica.
__— Mas ela pediu, né? Imagina, chamar as aranhas pra brigar...
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O hotel de um milhão de pixels.

Um garoto foi preso, na Holanda, por roubar em um hotel virtual. Second Life é o nome do bairro, e o criminoso, junto a uma quadrilha de outros de iguais 15 anos, foi interrogado pela polícia. Ladrões de senha, é o que são. Os objetos virtuais roubados foram comprados por pessoas reais, com dinheiro real. Com objetivos... reais.

__Tom Tom jogava dados e roubava os resultados. Ninguém via nem denunciava. Quando suas espinhas começaram a pipocar, costumava dedicar suas horas vagas mergulhando nas batalhas contra trolls, goblins, magos, feiticeiros, filhos de Tolkien, seres do mar e até mesmo gananciosos adolescentes de 15 anos, um pouco mais medievais. Enquanto lá fora havia Plano Real, shopping caindo, meninas se apalpabilizando, ele, quietinho, sem beijos nem pêlos, se fechava, e se abria, em livros de RPG da série Aventuras Fantásticas.

__Puxa, bacana, joguinho, diversão, conhecer gente que pensa igual a você, campanhas publicitárias na internet, realidade paralela. É a fantasia em pixels. Mas o quanto é preciso não se viver, na primeira vida, para realmente viver alguma vida na Second? Quando eu já perdi de encontros sinestésicos em nome de uma micareta virtual?

__O que está lendo, meu filho? Não estou lendo, estou jogando! Mas, sentado? — Eram horas e horas em viagens, com todos os sentidos possíveis de viagem. Não sei se me arrependo de ter lido tanto RPG na época. Não sei. Nunca tinha me arrependido, mas, esses dias, ao espelhar meus jogos nos atuais games, uma nostalgia do tempo passado me fez também comparar meus até hoje guardados livros verdes de Ian Livingstone e Steve Jackson com a arte escorrida páginas adentro.

__Eu me sinto... tolo. A minha bunda pede por favor que eu levante e vá jogar bola. Mas e meu cachorro Rexxx, do The Sims? E meu exército romano esperando meu clique de ataque? Meu bate-papo no Hot Chat? Como eu viverei, se toda hora tiver que alongar minhas pernas? Malditos tendões chorõres. No Second Life eu não vou ao banheiro.

__Eu lembro... os primeiros RPGs, vulgos Role Playing Game (Jogo de Interpretação de Personagem), me colocavam no papel de um guerreiro com certo objetivo, certa habilidade, num mundo ao estilo Senhor dos Anéis. Para jogá-los, bastava escolher o que fazer entre as opções oferecidas no texto, e definir o seu destino na história: Vai tomar um conhaque no bar? Vá para a página 52. Vai encarar o brutamontes? Avance para 312. Prefere recuperar as energias? Fuja para 114. E conforme você encontrava inimigos ou desafios, era necessário lançar os dados para saber se os deuses estavam a seu favor. Perder era raiva garantida! Perder a página de origem, pior ainda.

__Bem mais fácil que a vida. Sem rosto vermelho, sem gaguejo, sem psicológico. Quer dizer, quase. Hoje tem curso online. Vá para E-cursos. Vou aproveitar e chamar a lullystar_22 para tomar um mini-game de montar sorvete. Dá pra rir bastante. Vou gastar as vinte pratas que ganhei com meu investimento em discotecagem, lol! Sempre quis ser DJ e aqui não tem papai me nenengenharizando. Agora dá pra mobiliar minha casa com aquele quadro do Van Gogh que o @@Blakey@@ pixelizou. Droga de interação, placa de vídeo mesozóica! Estou e pau duro, que cantada que a minha garota me enviou! Tem webcam?

__Fantasma do Medo conta sobre um jovem nobre elfo que precisava impedir os planos de dois demônios, um real e um virtual que vive no mundo dos sonhos; juntos, eles ameaçam a raça dos elfos. Peitudinha, há doze anos fez pouco caso de minha sinopse. Dane-se: aqui você tem poder de controlar a realidade por meio de sonhos, e portanto a história segue dois caminhos, que inicialmente são paralelos, mas que no final acabam se cruzando e se influenciando. Uma derrota nos sonhos trazia a morte na vida. Uma vitória na vida trazia força nos sonhos.

__Um roubo de senha: Parado! Polícia! Em que Febem ponto com vão ser enjaulados? Dai a César o que é de César, e dai liberdade a quem sabe usar a liberdade. Você é culpado e sua pena é acesso à internet com conexão discada. Sem mais! Seu IP será rastreado e às 18h deverá estar desconectado, e seu nome sujo em todos os servidores de software livre. Ladrão! Ladrão! Seu ladrãozinho! Ladrão!

__Eu lembro... Quando me chamaram para a sala 16 do UOL, eu respondi carrancudo: que graça tem nternet? Hoje eu sou o mestre e tenho um Dungeon para aprisionar meus jogadores! — Eu lembro... enquanto eu jogava dados, rabiscava cadernos, me isolava em minha nerdice e posava como devorador de livros, a Internet nascia promissora.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tendência na Ásia é criação de mulheres.

O titulo mais correto deste post seria Como uma cultura pode se auto-fagocitar. Por raízes tradicionalistas, alguns tigres estão prestes a entrar num caos social sem previsões.

__Em países como Índia, China, Nepal e Vietnã, os casais têm preferência por ter filhos do sexo masculino. O que explica é nada menos que a ganância, a vontade de dinheiro: lá a cultura dita a fatura conforme o sexo do filho que se casa.

__Os pais da noiva têm que pagar um dote à família dos pais do noivo. Além do sabichão olhar pro pai da menina e fazer cara de He, he, he, meu filho come sua filha, ainda tem que receber do humilhado uma boa quantia que sele o matrimônio de boas intenções. Para as classes baixas, mulher é sinônimo de despesa. E entre as garotas que fogem à regra, muitas são abandonadas, e a negligência dos pais faz com que a mortalidade infantil seja maior entre os bebês que preferem bonecas.

__Homens, não. Geralmente são eles, quando mais velhos, que bancam a família das duas árvores genealógicas.

__Lembrando que na China o segundo filho é parido com uma multinha salgada no bolso do papai felizardo.

__(Calcule quão inflamadamente o homossexualismo deve ser odiado por lá.)

__E o caos já cresceu, saiu dos berçários e começa a tomar ares de monstro nos becos das favelas! Vejam desta matéria um trecho.

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Um estudo realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) [...] concluiu que o crescente desequilíbrio entre os sexos vai criar dificuldades para que os homens, especialmente os mais pobres, encontrem esposas, o que pode gerar problemas sociais e aumentar a incidência de violência sexual e tráfico de mulheres.


__Alô, Saramago! Depois da Visão, da Morte e da minha sugestão Audição, que tal escreveres sobre a ausência de vaginas numa sociedade? Mas, inova! Que não rascunhes sobre prisões, exércitos, Pantaleões ou cursos de engenharia. Fala de uma sociedade só de lobos, tidos como cidadãos eleitores livres e sedentos por uma garota que seja.

__Com uma cultura que obriga os pais das filhas pagarem dotes, e que convenciona que os homens devem sustentar a família, ninguém quer mais filhas. E a ciência, bastante ética, sabendo da existência dessa cultura, ainda assim permite o ultrassom de descoberta do sexo. Se for menina, abortam. Pagando bem...

__E quando a proporção for absurdamente desigual? Os pais venderão suas filhas? Os homens pobres se rebelarão? Lisístrato indiano vem aí? As relações familiares se inverterão? Seria bem interessante! Religiosamente seria o fim da cultura, já que ela não faria mais sentido humano, e sim financeiro/social.

__Atenção, famílias: investir em mulher renderá lucros a longo prazo!
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domingo, 13 de janeiro de 2008

Ensaio sobre a surdez

__A luz já me se ausentou duas vezes em Saramago.

__Em Ensaio sobre a cegueira o raio da visão foi privilégio apenas de uma dama. Caos em terra de.

__Em As intermitências da morte a mais temida entidade tirou férias — não havia mais aquela luz, quando se morre, porque não se morria, nem se mortematava! Velhos centenários recusavam a falência da vida, cemitérios deixaram de lucrar e a Previdência, o INSS pagaram o ganso.

__O José deveria passar umas férias no Brasil para perceber um outro sentido que vem sendo perguntado. E perdido. Porque estamos carentes da audição empresarial, especialmente em casos de tragédia.

__BRA, TAM, Gol. Personagens de um Ensaio sobre a surdez.

__Passageiros, familiares em luto ou o jornalismo dentada ficaram no vácuo. Que horas sairá o meu vôo? Como ficam minhas passagens? Quem estava no avião que caiu? Por que o metrô desabou?

__Por que esse silêncio?

__"Estou apenas a trabalho."

__O mudo sai de si e torna-se porta-voz de um presidente desenvergonhado. E em nome dum punhado de reais, veste o erro.

__"Pagando bem, que mal tem?"

__O descaso perante os consumidores ou vítimas mostra o quão criminosa é a raiz capitalista na ética dum ser humo.

__Visão, tato, audição, paladar, olfato e sexto. A vida, na mão de um acionista, perde o sentido.

__"Estou a trabalho apenas."

__O decibel da pressão que comodita-comoditiza o trabalhador já mostrou o resultado: perante choros e filhos perdidos, a intolerância quase apaziguadora do balconista.

__Que a vida desses ar-altos também passem apenas a trabalho.

__A penas.
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domingo, 6 de janeiro de 2008

A arte imita a vida...



Estes são alguns dos mais de 300 trabalhos da exposição Seduzidos: Arte e Sexo da Antigüidade à Atualidade, no Barbican, Londres. São dois mil anos de muita sacanagem, mostrando o sexo na arte. (Mas e se fosse a arte no sexo?)

Romântico, robusto, vulgar, delicado, etc. Todas as formas de sexo possível. Clique aqui pra ver mais.

Esse post é bem desatualizado: ficará aberta somente até o dia 27 de janeiro.

Mas é uma dica pra quem nesse mês pretende dar uma rapidinha na Inglaterra.
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sábado, 5 de janeiro de 2008

Textosterona

Dá audiência, vende, e o povo gosta de ver. Sei lá o que explica, mas calça branca, decote Y, cofrinho, mini-saia são coisas da Gestalt masculina. Talvez humana. As feministas que perdoem, mas mulher gostosa em propaganda dá certo. Afinal, qual o instinto dos homens? É cheirar rabo de cadela no cio. Homem é tudo igual, olhando do ponto de vista da Mãe Natureza. A gente só dá uma disfarçada, um splash, uns florais, uma descolada básica. Cujo maior praticante pode até virar radical: uma de-skol-ada.

__E por falar em cachorro, será este tema um cachorro morto?

__Não repare na bagunça: é um olhar pouco moderno, pouco profundo, apenas um esporro de mim pra mim. Uma masturbação verbal sem prazer nenhum. Puro nervo acumulado. Tinha que sair.

__Na propaganda brasileira, vários clichês se repetem. Pra homem é fácil: mulher, dinheiro, grupo social, extensão de um pau. Para mulher independente os apelos são diferentes, claro, e até menos instintivos, porque a mulher é mais evoluída (a realmente moderna, tá?). Mudam só as cores, as chamadas. O fundamento: sobrevivência no mundo. Ou pelo sexo, ou pela conduta.

__Desisti de criticar a criatividade dos anúncios de cerveja, carro, revistas etc. porque me lembrei de onde viemos. Menos sexo na propaganda? Ah, Claucio, vai cuidar da sua vida. E por quê? A lei da sobrevivência certa vez disse com sua voz poderosa, lá das nuvens, ao homem: crescei-vos e multiplicai-vos.

__O leão criou barba e dominou o bando. Elegeu uma mulher e, quando esta ia à caça dos filhotes, sapecou a sobrinha: "Preciso garantir meu posto e passar meu gene adiante."

__Ele estava certo. A úncia 100% certa de ser dono de alguma coisa é a mãe.

__O pássaro cantou alto. Lá da ninhada de passarinhas parecia uma serenata. Veio a primavera, e no inverno os genes já estavam adiante. Em duas, aliás.

__O pavão estufou o rabo e inflou o peito. Não, ele não virou viado, apesar das plumas. O veado criou chifres e foi brigar pela fêmea — isso que é macho! O pavão chamou umas franguinhas pro cercado. E o gene adiante.

__As fêmeas protegeram o filhote, expuseram os seios cheios de leite, tiveram ciúme. "Meu gene protegido." Ela, hoje, no amanhã.

__Todos estava certos. Assim como o homem, garanhão, pegador. A mulher, a casa (protetora), o emprego (garantia de vida). A amante, o carro (o falo), o porte atlético (o rebanho). O rebolado, ancas grandes, boa parteira. Essa guardaria bem meus filhos.

__Garantir genes!

__A mulher, o charme, o sexo-prende-marido.

__Genes!

__E convenhamos: se não é pelo filho, é pelo sexo em si. Coisa boa, não acha? Vai, eu vi você rindo...

__Não entremos no mérito do amor. O amor é um a invenção do homem para conservar aquilo tudo. E, se repararmos bem, amor de mãe todos bichos têm. Então, não entremos.

__Estou falando de propaganda e sexismo. É que vi os protestos (da mídia, não do povo) na Itália, que usa ainda mais o corpo feminino para vender. Até mesmo mangas, aliás.

__Eu já cheguei a levantar uma bandeira: a propaganda deveria tentar fazer sua parte e educar o povo. Mas pra quê? Pra quem ela está a serviço? Da cultura que não é. É do consumismo, do capitalismo, do mercado.

__E tudo, a longo prazo, só quer dizer uma coisa: genes!

__Emprego, casa, carro, seguro de vida, sutian, carrinhos de bebê... Genes!

__Moralismo perante a propaganda? Mulher pra vender cerveja, sim senhor.

__Segurança em investimentos? Sim senhor: é preservar a geração gerada. Genes!

__Mulher inteligente compra a marca tal? Sim senhora, mulher inteligente chama mais atenção, cativa mais, conquista, se presevra. Genes!

__Sexy? Oh yes!

__Mesmo com camisinha, o instinto, o âmago, a testosterona, o útero é o mesmo. Somos racionais, mas, ainda assim, animais. Principalmente nos trópicos. O calor, as pernas, os braços.

__E uma desconclusão: o texto aqui é puro escárnio, sim, porque percebi uma coisa: presidente, política, propaganda... Essas coisas que envolvem participação do povo, sabe? Como disse uma amiga minha, tudo isso tem algo em comum: cada povo, com sua cultura, tem o que merece.

__E por maioria de vetos!

__Quer dizer: fetos!

__Digo, digo: votos!
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Pergunte ao livreiro de Cabul

Hoje eu passei na Nobel e saí de lá com 4 livros:

Frankstein, R$ 6;
O retrato de Dorian Gray, R$ 6
As aventuras de Tom Sawyer, R$ 7;
Contos de Grimm
com todos eles: R$ 11.

Estão em inglês. Para treinar, sabe. Mas isso não tira o fato de que levei quatro bons livros por R$ 30. — Apesar de serem impressos em "papel de jornal", são mais agradáveis que as edições de bolso brasileiras, em papel brancão e tipologia feita pelo sobrinho estagiário, como as da Martin Claret e L&M Pocket (esta nem tão ruim quanto aquela). Papel chamequinho que, quando melhor tratado, trata-se de um livro que nem de bolso é
vide a coleção Companhia de Bolso.

Mas a questão é: se fosse em português, nacional, comprando as versões mais vagabundas, eu não os levaria por menos de R$ 80. Num sebo é capaz que consiga por R$ 40, já que Contos são um calhamaço de mais de 500 páginas.

A comparação final: o mais-vendido O Caçador de Pipas, achado entre R$ 20 e R$ 30 sem uso, seria muito mais best-seller se o preço fosse o da tradução norte-americana, a R$ 15.

O que acontece com a indústria cultural livreira-editorial, na qual o nacional é mais caro que o importado
e nem sempre em melhor qualidade?
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